Elena (2012), de Petra Costa

No próxima sexta, dia 30 de setembro, o Cineclube Depressão irá exibir o filme biográfico Elena (2012), de Petra Costa, às 19h no Espaço Sonhus em Goiânia (Clique aqui para ver a localização no Google Maps).

SINOPSE DO FILME
Elena viaja para Nova York com o mesmo sonho da mãe: ser atriz de cinema. Deixa para trás uma infância passada na clandestinidade durante a ditadura militar e uma adolescência vivida entre peças de teatro e filmes caseiros. Também deixa Petra, sua irmã de 7 anos. Duas décadas mais tarde, Petra também se torna atriz e embarca para Nova York em busca de Elena. Tem apenas pistas: fitas de vídeo, recortes de jornais, diários e cartas. A qualquer momento, Petra espera encontrar Elena andando pelas ruas. Aos poucos, os traços das duas se confundem. Já não se sabe quem é uma e quem é a outra.

TRAILER
https://www.youtube.com/watch?v=yc0T-pPwrTk

FICHA TÉCNICA
Gênero: Documentário
Direção: Petra Costa
Roteiro: Carolina Ziskind, Petra Costa
Produção: Daniela Santos, Julia Bock
Fotografia: Janice d’Avila, Miguel Vassy, Will Etchebehere
Duração: 82 min.
Ano: 2012
País: Brasil
Cor: Colorido
Estreia: 10/05/2013 (Brasil)
Distribuidora: Espaço Filmes
Estúdio: Busca Vida Filmes
Classificação: 12 anos

Endereço do Espaço Sonhus
Rua 18, nº. 10, Setor Central, Goiânia-GO

Imagem destacada:
Frame do filme Elena (2012), de Petra Costa

elena

Cine UFG apresenta: “Retratos de Identificação”(2014), de Anita Leandro

No próximo dia 12 de maio (quinta-feira), às 19h, o Cine UFG exibirá o filme “Retratos de Identificação”(2014), de Anita Leandro. Esta sessão também faz parte do projeto Cinemas em Rede, que tem como uma das possibilidades “compartilhar conteúdos, mostras e ciclos em tempo real entre estes pontos de cinema”.

Entrada gratuita!

Localização do Cine UFG no google maps:
https://www.google.com.br/maps/place/Cine+UFG/@-16.6029379,-49.2638306,15z/data=!4m2!3m1!1s0x0:0x2ff9f559f13ab2

O Filme

“Retratos de Identificação” (2014), de Anita Leandro

Duração: 71 minutos
Gênero: documentário
Classificação indicativa: 12 anos

Sinopse:
Na época da ditadura militar, os presos políticos eram fotografados em diferentes situações: desde investigações e prisões até em torturas, exames de corpo de delito e necropsias. Hoje, dois sobreviventes à tortura vêem, pela primeira vez, as fotografias relativas as suas prisões. Antônio Roberto Espinosa, o então comandante da organização VAR-Palmares, testemunha sobre o assassinato  de Chael Schreier, com quem conviveu na prisão. Já Reinaldo Guarany, do grupo tático armado ALN, relembra sua saída do país em 1971, em troca da vida do embaixador suíço Giovanni Bucher, conta como foi sua vida no exílio e fala sobre o suicídio de Maria Auxiliadora Lara Barcellos, com quem vivia em Berlim. Com essas revelações e testemunhos, segredos de um passado obscuro do país voltam a tona.

Elenco
Antônio Roberto Espinosa
Maria Auxiliadora
Lara Barcellosmais

Teaser:

A (re)invenção de Iracema e a crítica da brasilidade: Iracema, uma Transa Amazônica

A representação da miséria e do subdesenvolvimento é muito cara ao cinema brasileiro. Grande eixo da produção cinematográfica nacional, essa abordagem encontra enorme diferencial em Iracema – Uma Transa Amazônica, de Jorge Bodanzky e Orlando Senna.

Realizado em 1974 e liberado para exibição no Brasil somente em 1979, o filme utiliza a realidade social da Transamazônica como metáfora e como aporte para a busca da brasilidade, elemento que perpassou toda a produção de José de Alencar, autor da obra original Iracema, na qual o filme homônimo é livremente inspirado. O que há de mais prodigioso em Iracema é sua forma de acessar a realidade narrada. Despreocupado em se engessar genericamente como documentário ou ficção, lança mão de elementos diversos na construção da narrativa, como entrevistas, revelação do aparato e o uso de atores não profissionais – com exceção de Tião, interpretado por Paulo César Pereio – para revelar um Brasil que dificilmente se descortinaria com o uso de procedimentos de filmagem prosaicos.

O uso de um título de José de Alencar como pano de fundo para Iracema é sintomático. O autor foi o grande representante do romance romântico nacionalista brasileiro, esforçando-se durante toda a sua vasta obra para produzir um nacionalismo ‘genuinamente brasileiro’, desvinculado das construções de memória nacional e representações do passado europeizadas. Nesse sentido, seus romances indigenistas, O Guarani, Iracema e Macunaíma, representam uma tentativa de associar o passado brasileiro à imagem do índio, este colocado como uma figura guerreira, honrada, brava, valente, bela. A idealização do índio como a personificação do brasileiro e do passado pretensamente glorioso do país foi posteriormente contestada por Macunaíma, de Mário de Andrade, um homem torto, avesso, o anti-herói por excelência.

Bodanzky e Senna parecem não se adequar nem a um lado, nem ao outro. Longe de absorverem a Iracema idealizada, bela e pura de Alencar, eles a contestam. Contudo, não se deslocam para o caminho do anti-heroísmo, da construção metaforizada de uma figura tão absurda como Iracema, mas colocada no outro extremo dos valores morais, como é o caso de Macunaíma. Antes de criar uma imagem do Brasil, de forjar uma brasilidade da qual somos carentes, eles procuram encontrar o significado do que é ‘ser brasileiro’ por uma busca empírica e despretensiosa, engendrada pela própria encenação do cotidiano. Para isso, aludem à Transamazônica.

A Iracema de Bodanzky e Senna se distingue notoriamente da de Alencar. Baixinha, de voz estridente, troncuda e de nariz grosso, não faz menção alguma à doçura da aparência de sua correspondente alencariana. Também suas atitudes não correspondem em nada à obra original. No filme, Iracema vai a Belém com a família pagar uma promessa no Sírio de Nazaré. Na cidade, acaba caindo na prostituição. Fala muitos palavrões, hesita em ajudar suas amigas quando são largadas no meio da estrada e sempre busca tirar vantagem das situações. Em um cabaré, conhece Tião, o homem branco. A relação dos dois ocorre por um jogo de interesses. Iracema, seduzida por suas amigas a ir para São Paulo, vê em Tião a oportunidade perfeita para abandonar o Norte. Tião, caminhoneiro e conquistador, vê Iracema como mais uma conquista, mais um adesivo no vidro de seu caminhão. Não há lugar para o amor romântico na obra de Bodanzky e Senna, o homem age por necessidade e interesse, não por amor a alguém.

A representação da Transamazônica da década de 1970 como espelho do ser brasileiro incomoda. Região pauperizada, suja, claramente espantada com aparato de filmagem – pessoas no fundo dos enquadramentos olhando para a câmera são constantes – é colocada como um apêndice da modernidade, uma paródia de si mesma. Iracema, vestida com um short da coca-cola, desmonta completamente a idealização do índio como afirmação do brasileirismo. O índio não quer ser brasileiro, o índio não quer ser índio. Iracema, como ela mesma diz, é branca. Também a sensualidade, a malandragem, a amistosidade, a memória curta (Iracema, ao ver novamente Tião após ser abandonada, fica feliz) a capacidade para lidar com intempéries – o estupro de Iracema não serve como pretesto para a narração de um drama particular na vida da moça – o jeitinho aliado ao trabalho duro: tudo isso é visto como ‘O Brasil’.

A manutenção do Brasil como país subdesenvolvido, como eterna promessa, também é sempre aludida. Seja na promessa de vida melhor para Iracema e sua colega de prostituição, seja no vislumbre do ‘’potencial econômico’’ da Amazônia, seja na eterna dívida de Tião com o financiamento de seu caminhão, o Brasil sempre acredita no futuro, embora o futuro sempre lhe vire as costas.

A confusão criada entre as personalidades de Tião e Pereio traz um elemento interessante à narrativa. Nunca se sabe se ele está interpretando ou agindo naturalmente, sendo Paulo César Pereio. Nas entrevistas feitas com os madeireiros, essa faceta do dualismo personagem/ator fica clara: não se sabe quem pergunta. Com Iracema, a reação é a mesma. Sua atuação flui de forma tão natural que parece não haver atuação, de fato. Esse elemento só pode ser extraído da narrativa pelo uso de uma atriz não profissional, pobre e vinculada visceralmente à realidade abordada. Isso coloca em questão outro elemento: onde se coloca o limite entre ator e personagem. É precisamente aqui que reside a inovação de Iracema – Uma Transa Amazônica. O jogo com os limites entre ficção e documentário já não é novidade. Contudo, ao transportar essa incógnita para elementos subjetivos – os atores – lançando questões sobre o limite entre atuação e revelação do sujeito atuante, abre um leque interessante de possibilidades, que infelizmente foi subutilizado nos anos subsequentes. Iracema é uma pequena joia escondida do cinema brasileiro, que ganha novo vigor com a nossa atual crise institucional e a crescente polarização do país.

 

LINK do Imdb: http://www.imdb.com/title/tt0126968/

 

Antropocine UFG exibirá o filme “Ôrí” (1989), de Raquel Gerber

Em comemoração à Semana da Consciência Negra, o Projeto Antropocine UFG exibirá o filme brasileiro “Ôrí” (1989), de Raquel Gerber, no dia 18 de Novembro (quarta-feira) às 15h30 no Cine UFG.

Após a exibição do filme de 91 minutos, o Prof. Dr. Alex Ratts fará uma sessão de debates.

ENTRADA GRATUITA

Visite a página do evento no Facebook clicando aqui.

ori antropo